BILINGUE: UMA PROPOSTA PARA A EDUCAÇÃO DOS SURDOS
A proposta de Educação Escolar para surdo já se
aproxima de dois séculos e deu início a partir do confronto político e
epistemológico entre os gestualistas e oralistas, gerando muitas discussões no
campo político, em debates e nas pesquisas científicas, e até mesmo em reuniões
pedagógicas, era um assunto de todos, onde todos se esforçavam para defender á
teoria de como deveria ser desenvolvida a educação das pessoas com surdez.
Nesse momento, foram apresentadas três
abordagens: uma oralista, uma total e uma bilíngue. A oralista acreditava que seria
possível apenas o uso da voz e da leitura labial, como meio linguístico, não
aceitava nenhuma forma de comunicação por meio de gestos ou sinais, desconsiderando
a língua de sinais. A comunicação total, apesar de aceitar com naturalidade a
língua de sinais, ou seja, não o forçava a falar e compreender que os surdos
tinham apenas uma perda sensorial auditiva, não os fazia se sentirem incluídos
como seres atuantes diante da sociedade, na comunicação total os ouvintes não
entendiam que para a Pessoa com surdez a língua materna era a de sinais e por
último a abordagem por meio do bilinguismo, onde favorece ao aluno com surdez o
acesso à língua de sinais e a dos ouvintes, tornando possível sua aprendizagem.
Nesse
contexto, considerando o fracasso das duas primeiras abordagens e os resultados
da abordagem bilíngue, se faz necessário que a educação repense com urgência sobre
as causas do fracasso escolar e as práticas pedagógicas, buscando a promoção da
participação, assim como a aprendizagem dos alunos com surdez na escola.
Segundo
DAMÁZIO, FERREIRA, “há toda uma potencialidade do
corpo biológico humano e da mente humana que canalizam e integram os outros
processos perceptuais, tornando essa pessoa capaz, como ser de
consciência, pensamento e linguagem.”(p.47,48.) Desse modo, as PS, não podem
ser reduzidas a uma condição sensorial, ela têm outras potencialidades que as
integram a outros processos perceptuais, enquanto seres de consciência,
pensamento e linguagem.
Levando
em consideração a importância que a língua de sinais tem para as pessoas com
surdez e a necessidade da língua portuguesa para desenvolver a leitura e
escrita, torna-se imprescindível que a abordagem bilíngue seja de fato atuante
nas escolas, pois eles tendo a oportunidade se apropriar da língua portuguesa, esta
também irá possibilitar uma interação maior com o outro e assim, como cita
DAMÁZIO, FERREIRA no referencial, “construir uma prática pedagógica que se
volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na
escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse emaranhado de
redes sociais, culturais e de saberes.” (p.49).
É
interessante ressaltar que a abordagem bilíngue e amparada por Lei e
reconhecida pelo MEC como uma proposta legal e eficaz, e que se eles tiverem a
oportunidade de conviver em um ambiente escolar que tem como proposta a
abordagem bilíngue ele consequentemente desenvolverá seu potencial.
A
partir dessa compreensão é que se constrói o Atendimento educacional
Especializado, “que tem como função organizar o trabalho complementar para a classe comum, com vistas à
autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e linguística da pessoa
com surdez na escola e fora dela.” (DAMÁZIO, FERREIRA, P. 52), a sala de
recursos possibilita ao aluno com surdez o reconhecimento de suas
especificidades e também assistidas nos três momentos, o AEE em Libras, AEE de
LIBRAS e o AEE de língua portuguesa para pessoa com surdez, como propõe a
Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva,
ou seja, uma proposta pedagógica na abordagem bilíngue.
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